Minha lista de blogs

terça-feira, 4 de abril de 2017

EXCESSO


Tem
De haver
Brilhantismo
Tem
De fulgurar
Reluzir
Lucilar
Tudo
Desde
O recôndito
Do lar
Até o ápex
Na constelação
De Hércules
A 100° S.O.
Da estrela Vega
Vaidade
É nave:
Navega
Carrega
Gentes
De roldão
Não há mais
Lugar
Pra luminância
De lua
Pra cintilância
De arrebol:
Tem
De haver
Contínuo fulgor
De sol a pino
Num eterno
Meio-dia
Alma
Desarmada
É démodé:
Tem
De haver
Agudeza
De espírito
Aljava
Carregada
De setas
Na guerra
No conflito
Entre aflitos:
O mais rico
O mais forte
O mais bonito
O que mais
Atinge metas
Tem
De haver
Brilhantismo
A mancheias
Em voluptuoso
Movimento
A rodopiar
Pelo mundo
A esmo
( No canto
Escuro
Além do muro
Apartheid
Esdrúxulo:
Os que ainda
Gostam
De feijão
Couve
Torresmo )

segunda-feira, 3 de abril de 2017

POSTSCRIPTUM
Chá de melissa
Pão de centeio
Um miligrama
De alprazolam:
Enfrentar a manhã
O dia
A noite
Açoite
Certamente
Posto que
Têm visto
Os meus olhos
Bem aqui
Diante deles
Passarem velozes
Enlouquecidos
De modo soturno
Gritos de guerra
Prensados
Nesta rotativa
Pós-moderna
Pós-tudo
Palavras de chumbo
Gravadas
Com ferro em brasa
Grafadas
Com sangue talhado
Escuro
Entalhadas
Em corpos de gente
( P.S.
Já disse
Um dia
O poeta:
Tô achando
Que o tempo
Tá quente
ESPELHO
Caminho vergada
Sob excesso de peso
Do tempo
Resignada
Rumino tudo
Que é decepção
Desengano
Lamento
( Falta saliva
Falta suco gástrico:
O bolo estagnado
No estômago da alma
É chumbo)
O mundo
Nada me oferece
Que não seja um espelho
Embaçado
Em carcomida moldura
( Sinto-me
Até
Condoída:
Coitado...
Há tantos anos me atura
Refletindo-me a imagem
Surrada
Gasta
Puída)
Em verdade eu o respeito
Pois conhece os meus medos
Meus sentimentos
Segredos:
Contei-lhe
Milhares de vezes
Deslizes
Reveses da vida
É franco
Não me esconde nada
Que seja realidade:
Rugas
Cabelos brancos
Dentes
Nem tanto
Olhos opacos
Acato seus pareceres
Veredictos
Ultimatos
Hoje me fez surpresa:
Mostrou-me
No fundo do abismo
Das velhas e gastas retinas
Minúsculo ponto de luz
( Estou bem ressabiada:
É brilho de espada
Ou de cruz? )

ASAS


Depois
De confeccionar
Um para de asas
Afixá-las
Nas minhas
Escápulas
Um derradeiro olhar
Pela sala

CAMINHO DE VOLTA



Setenta e dois anos
Desembarquei
No planeta
Cegonha planou
Aterrissou
E me deixou
Numa casa sem janelas
Só porta
( Minúcia
Que
Não importa:
A despeito da sina
Descumprida
Da lenda rechaçada
Cá estou )
Agora
É achar
Uma senda
Que constitua
Bom caminho
De volta

CABEÇA


Dentro da cabeça
Pensamentos leves
Como
Fiapos de paina
Esponjinhas da caliandra
Penugens de pequenas aves
Seriam tão eficazes
Mas não:
Granitos e gnaisses

SEM RESPOSTA

Perguntei pra vida
O que acha disso tudo:
De mim
De minha postura
Ante o mundo
A dita cuja
(Não sei de que tanto
Se orgulha)
Nariz empinado
Não me respondeu
Não senti raiva
Mas pena:
Sei que não sou tão pequena
Quanto me julga
Nem ela
Tão grande
Que não tenha
Vez em quando
Pulga atrás da orelha