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quarta-feira, 10 de março de 2010

Acinte


Não sou exatamente
Saudosista
Não superestimo
O passado
Ando
De braço dado
Com o novo
Quero sempre
Abraçar
A novidade

Tempo bom
É o tempo
Que se vive
Independentemente
Da idade
Fui feliz
Aos sete anos
E aos vinte
Espero
Com ansiedade
O ano seguinte
E assim será
Por toda
A eternidade

Mas devo confessar
Sou alvo de acinte
Por parte
Da velha praça
Da minha cidade
Ninguém mais
Que eu conheça
Alí passa
Pra que o dia
De domingo
Tenha graça
E eu possa
Como outrora
Recitar:
Bom dia, Dona Tereza!
Bom dia, Seu André!
Bom dia, Seu Castorino!
Bom dia, Dona Filé!

Sentei-me
Na sorveteria
Da esquina
Pra tomar
Um sorvete
De açaí
Ecolhi lugar
Bem estratégico
Uma ampla visão
Eu garanti

Via o pé
De jasmim-manga
Antigo
Via também
O pé de jaracatiá
O coqueiro
O oiti
Sibipiruna
O perfumoso
Manacá

Passou uma pessoa
Apressada
Pensei logo
Quem será?
Quem será?
Não era ninguém
Que eu sorrisse
E dissesse
Oi amigo
Como está?

A palavra saudade
É delicada
Parece estar caindo
Em desuso
Reluto
Quando penso
Empregá-la
Mas há
Ocasiões
Em que é preciso

Como no caso
Que eu contava
Acima
Sobre a tarde
Domingueira
Na sorveteria
Daria tudo
Pra dizer
(Por exemplo)
Boa tarde, Seu João Maria!

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