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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Grandes navegações


Ai
Que hoje
Amanheci
Meio
Pero Vaz de Caminha:
Vontade
De escrever
Para
Um rei
Carta
Que contasse
Sobre
A nova
Terra
Minha

Porque
Assumi
[Final
E
Definitivamente]
Esta
Querência
Que
Apesar
De modesta
Na aparência
É
[Para mim
Agora]
O centro
Mundial
Da paz

Aqui
Tudo
Que se faz
É escrever
Poesia
É apurar
Um tacho
De ambrosia
É respirar
Fundo
E
Sentir
O perfume
De gardênia
E a
Maresia

É perder
A mania
De ter
Pressa

É sentar
Lá fora
Abrir
A roda
E jogar
Conversa
Dentro

É olhar
O mar
Imenso
Estender
O braço
[A indicar
Um lado]
E dizer:

Fica a
África

[Nem
Bem
Acabo
Estas
Maltraçadas
Linhas
E
Penso

No caminho
Marítimo
Das Índias]

terça-feira, 27 de julho de 2010

Muralha


Pronto!

Criei
Coragem
E
Ergui
O muro

Mais até:
Muralha

Quase
Réplica
Daquela
Que cerca
A China

[Digo
Quase
Porque
A minha
Não tem
Portas]

Projetei
Desde
O tempo
De menina:
Double face
Como
Uma medalha

O lado
De lá
Soturno
Escuro
Chumbo
[Um ou
Outro
Resquício
De hera
Ressequida]

O lado
De cá
Rosa choque
Vida...

terça-feira, 20 de julho de 2010

Na ponta dos pés


Apago
A luz
E saio
Na ponta
Dos pés:
Não quero
Que
A tristeza
Acorde
E me siga
Como sói
Acontecer

Como se
Fosse
Minha
Sombra
Sempre
Me assombra
Com sua
Presença
Constante
Nos meus
Calcanhares

Colada
Em mim
Vai a todos
Os lugares:
Aos bares
Aos bailes
Altares

Tenta
Colocar-me
Lágrimas
Nos olhos
Mesmo
Quando
Preenchidos

Até o
Gargalo

Olho feio
Para ela
E falo
Falo
Falo

Falo tudo
Que penso
Acerca
De sua
Iniquidade

Enfant terrible
Sacode
Os ombros
[Com blague
Chiste
Facécia]
Faz
Ouvidos
Moucos
E segue
Em frente
No seu
Mister
[Indecente]:
Desestabilizar-me

[Todo cuidado é pouco!]

sábado, 17 de julho de 2010

História banal de passarinho


Alguém
[Com uma
Pedrada]
Quebrou-lhe
A asa:
Agora
Ele se
Estorce
No chão

O gato
[Mal
Intencionado]
Avança
Em sua
Direção

Corro:
Resgato-o
Salvo-o
Trato-o

O tempo
Passa
Rápido:
Logro
Pô-lo
Novinho
Em folha

Conquanto
Seja
Um mero
Passarinho
Mostra-se
Grato
Pelo fato
De
Sentir-se
Inteiro
Como
Dantes:
Alegremente
Pipia

Levo-o
Ao ar livre
Coloco-o
Na palma
Da mão
E ele
Não se faz
De rogado:
Alça
Vôo

Lá se vai
[Entusiástico]
Ruflando
As asinhas

Ai...
Que faço
Agora
Que foi
Embora
Minha
Avezinha?

Tenho medo
Do vazio
Que
Recairá
Sobre
Os meus
Dias

Medo
Da
Solidão
Que se
Avizinha

[Por favor
Volta
Corruíra...]

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Rol das coisas antigas


Quisera
Sentir-me
Incluída
No Kojiki:
Rol das coisas
Antigas

Ser personagem
De conto
Xintoísta

Ou
O Pardal
Reconhecido...
O Santo
Da Província
De Shinano...

De um lado
Ser a tradição
O mito
A lenda
Do outro
Explicitação
Da poesia

Mas não...

Via de regra
Sou cotidiano
E
Vez em quando
[Digamos:
A cada ano
Bissexto]
Um fato
Mais ou menos
Relevante
[Com ênfase
Especial
Para menos]

Na composição
Do meu
Espírito
Não se
Adicionou
[Eu acredito]
Mais que
Um
Miligrama
De
Entendimento
Metafísico

Sou chão raso
Terra batida
Embora
Consiga
Reconhecer
Uma tragédia
E a
Inexorabilidade
Do destino

Adivinho
O gosto
Amargo
Do remorso
Que
[Certamente]
Sentirei
Um dia
[Hoje
Ainda
Não
Consigo]

Atino
Com a
Evanescência
Da vida:
Cada novo
Dia
É dia
Subtraído

Pasmo
Ante o impacto
Daquilo
Que não
Compreendo

Vislumbro
O sofrimento
Como sendo
Fragmento
Extraído
De um
Enredo
Outrora
Escrito
Numa folha
Qualquer
De papiro

E
Espero
O advento
De um tempo
Isento
Do tom
Jocoso
Satírico
Com que
Tem
Me tratado
A existência

Se ele
Não chegar...
Paciência

domingo, 11 de julho de 2010

Cordel da criação do mundo


Por que
Este
Pensamento
Caótico
Amorfo
Nevoento
Vem
Escorrendo
Ao sabor
Do vento
Astral
E
Me persegue
Até
Conseguir
Minha
Captura?

Chega
Esvoaçante
Numa
Espiral
Muito
Confusa

Arvora-se
Em máquina
Do espaço
E do tempo:
Traz
Na bagagem
Uma poeirinha
De Andrômeda
E
Fragmentos
Da galáxia
Dos
Cães de Caça
[Quer ser
Van Gogh
Em
La nuit etoilée]

Carrega
Claridade
De bilhóes
De anos-luz
[Que nenhuma
Complacência
Traduz:
Tudo ofusca

Careço
Apenas
Da
Luminosidade
Tênue
Da chama
De uma vela
Que tremula
Que oscila
Tanto
Quanto
Minha vida]
E um
Primitivo
Átomo
Gigante:
Quer
Que eu
Acredite
Que toda
A criação
Tenha
Consumido
Não mais
Que
Um instante

[Volúvel]
Tenta
Incutir-me
A crença
Na
Possibilidade
De um
Universo
Finito

Finjo
Que acredito

Pego lã
E
Agulhas
Para tecer
[Em tricõ]
Um cachecol
Bem bonito

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Pesadelo


Abro
[Par em par]
As janelas
Voltadas
Para o meu
Interior

Debruço-me
Numa delas
[Ai
Horror]:
Nenhuma
Flor

Terreno
Crestado
Ressequido
Com
Enorme
Fenda
Através
Da qual
[Aqui
Ali]
Insurge
Um cacto
De minguada
Carne
De farto
Espinho
[Adivinho
O suplício
Que oferece
Ao tacto
E
Incontinenti
Vem-me
À mente
A imagem
De
Uma coroa]

O céu
É mar
De chumbo:
Pesada
Nuvem
Negra
Vaga
À-toa
Companhia
Ideal
Para
Agourenta
Harpia
Que
Voa
Voa
E
Cansada
Pousa no
Esqueleto
Aflito
De uma
Sequóia
[Último
Resquício
De extinta
Flora]
De cujos
Braços
Pendem
Teias
Pegajosas


Sim
[Ao longe]
Largo
E
Caudaloso
Rio
[Galera
Em ruína
Singra]
Mas
Fustiga-me
A verdade
Dura:
O seu leito
Sangra

Bem-te-vi
Bem-te-vi
Bem-te-vi

Ufa!
Ainda bem

[Agora
Quero
Satsanga]

terça-feira, 6 de julho de 2010

Libertas quae sera tamen


As andorinhas
Voltam
Desatando
Livres
E sonoras
Gargalhadas

Riem de mim:
Não sabem
Que
[Mesmo
Ferida]
Sou fera

Chega de espera...

Cancelo
A agenda
Despejo
O último
Gole
No fundo
Da garganta
Sedenta
Registro
Nas retinas
A chegada
Da noite
Que vem
Vestida
De magenta

[Arranco
As presas
Da sepe
Peçonhenta]

Dou ração
Aos animais
Lacro
A tampa
Do pote
De fel
Confiro
A torneira
Do gás
[E as estrelas
Que surgem
No céu]

Fecho
Parêntesis
Portas
E
Janelas
[Não haverá
Sequelas]

Ademais...
Fui

domingo, 4 de julho de 2010

Dinastia Mim


Não
Aguentei
Mais:
Briguei feio
Com a poesia

[Fazia

Muito
Tempo
Que
Andava mal
Nosso
Consórcio:
Ela
Dizia
Ser
A minha
Vida
Improdutivo
Ócio]

Afrontei

Joguei
Tudo
Contra
A parede:
Quebrei
Pratos
Xícaras
E
Copos

Peguei
Minha mala
Grande
E
Parti

Ela
Ficou lá
Juntando
E
Colando
Os cacos

Tomara
Que
Reconstitua
Alguma
Coisa
Da
Dinastia
MIM
[Se for assim
Eu volto]

Se
Não conseguir
Que invente
Um mosaico...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Fauvismo


Uma janela
Aberta
E
Um espelho
Onde
O vermelho
Intenso
Do anoitecer
Vem
Refletir-se
Dão-me
Uma pista:
Deus é fauvista