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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Manhã gelada e nevoenta


A cerração
(Pelerine
Delicada
De organdi)
Cobre
Mas não
Agasalha
A manhã
Que treme
De frio

No vidro
Embaçado
Da janela
Desenho
Dois
Corações
Trespassados
Por flecha
De cupido
(Faço isto
Desde
Menina
Não perco
A velha
Mania
Porque acho
Muito
Bonito)

Alamanda
Amarela
Gargalha
Rosa vermelha
Desdenha
Hortênsia
Também
Ri de mim

Com vergonha
Disfarço
E me afasto:
Tiritando
Busco
A vassoura
(Quisera voar
Com ela)
Varro a casa
Vasculho tudo
(Faço
Trabalho
De moura)

Por fim
Tomo um chá
De canela

Ah, como a vida é bela...

68 comentários:

Ribeiro Pedreira disse...

E mais bela fica quando nos encontramos a simplicidade do cotidiano cantada com tanta sapiência e facilidade.
Bjs.

Andrea de Godoy Neto disse...

"pelerine delicada de organdi"...que coisa mais linda, Zélia! fiquei aqui imaginando(nem preciso ter imaginação muito fértil , já que os dias de cerração aqui seguem um após o outro)
impressionante a delicadeza poética das tuas palavras

e sim , a vida é bela para quem tem olhos de ver e alma aberta

um beijo grande, minha querida!

ana p disse...

Cha de canela...com maçã...
Beijo Zelia

CANTO GERAL DO BRASIL (e outros cantos) disse...

Zélia,
Degelou a manhã com o poema...
... e chá de canela.

Abraço alado,
Pedro Ramúcio.

Anônimo disse...

Sim, querida, como é bela. Outro dia estava com uma imagem também na cabeça. Estava pensando numa menina muito especial para mim, sabe. No vidro embaçado eu riscava um arco e dizia pra ela que a paisagem sorria pra gente =)

Lindo poema, adorei!

Beijo
G

Zélia Guardiano disse...

Obrigada, querido Ribeiro
Você, sempre com uma palavra cheia de amabilidade!
Adoro encontrá-lo aqui...
grande abraço!

Zélia Guardiano disse...

Andrea...
Você aqui é uma festa!
Como gosto de escrever para você...
Obrigada, querida.
Beijo

Zélia Guardiano disse...

Magnolia
Viu como gosto de chá de canela? rs... É tema recorrente...rs...
Hoje foi sem maçã, pois a fruta estava em falta aqui em casa...
Grande beijo, querida

Zélia Guardiano disse...

Geraldo querido
Um vidro embaçado é tela! Nossos dedos, pinceis... Quem é que não faz , com eles, uma arte? rs...
Grata pela visita!
Grande abraço

Zélia Guardiano disse...

Pedro, meu amigo
Você, sim, degelou minha manhã com sua visita!
Muito grata, querido.
Grande abraço!

Paulo Jorge Dumaresq disse...

Chá de canela para aquecer a alma, amiga.
Poema ensopado de simbolismo.
A foto também achei espetacular.
Gosto de manhãs geladas e nevoentas, até porque moro numa cidade cálida por natureza.
Enfim, tudo dentro do padrão Guardiano de qualidade.
Zélia, receba meu aplauso.

MariaIvone disse...

Adorei sua vergonha e seu disfarce face à irreverência florida da rosa, alamanda e hortênsia.
Tanto atrevimento!
Nada que um chá de canela não resolva. Que bom!
A vida é bela e seus poemas também.
Bjos

Zélia Guardiano disse...

Paulo Jorge
Sua visita e seu comentário me aquecem a manhã! Desfazem o nevoeiro! O dia se aclara...
Que bom!
Obrigada, meu amigo!
Grande abraço

Zélia Guardiano disse...

Ah, Contagotas, querida... Com o passar dos anos fui aprendendo que tudo pode acabar bem, em chá...rsrs( Veja bem: eu não disse em pizza...rs...)
Grata pela deliciosa visita.
Grande abraço

Unknown disse...

com chá de canela, a vida bela
e aquece

abraço

Mariazita disse...

Olá, Zélia
Não sei o que destacar desta maravilha!
Comparar a cerração a um manto de organdi é uma delícia. Mas todas as outras alusões são fantásticas.
Eu adoro a sua poesia, acredite.

Até sempre, minha querida.
Beijinhos

Zélia Guardiano disse...

Ah, Assis
Cheguei a um estágio da vida, em que qualquer chávena de chá já me refaz, seja de que mazela for...rs...
Grande abraço, querido!

Anônimo disse...

Que friozinho bom que ta fazendo não é mesmo Zelia!
Bjs.

Cida disse...

Taí... me deu desejo de tomar chá de canela!...rs

Muito lindo, amiga! Me senti aí, do lado de dentro da sua janela, desenhando corações trespassados por flechas de cupido.
É tão fácil ser feliz, não é mesmo?

Um beijo grande

Cid@

silvia zappia disse...

ah! cómo la vida es bella leyéndote,poeta!

compartimos el té de canela?


mil besos >*<

Zélia Guardiano disse...

Mariazita
Nossa empatia é extraordinária e fico feliz por isso! Também adoro as suas histórias: ninguém sabe contá-las como você! Já lhe disse isso...
Obrigada, querida!
Beijinhos

Zélia Guardiano disse...

Friozinho ótimo, querida Fatima!
Gosto muito , até porque nos inspira versos...
Beijão, querida!

Zélia Guardiano disse...

Facílimo, amiga Cida!
Só quando nos esquecemos disso é que somos assaltados pela ilusão de infelicidade...
Beijo grande, minha querida!

Zélia Guardiano disse...

Rayuela, Rayuela, minha grande amiga!
Você chegou e o frio se foi...A temperatura ficou amena...
Compartimos el te de canela!!! Certamente!!!
Mil besos :))

Anônimo disse...

Ah, bonito de doer. E que dorzinha esta das lembranças de menina que nos transportam. Doce, minha cara, não há como vc!

Beijo!

Zélia Guardiano disse...

Obrigada, Lara querida!
Você tem razão: a dorzinha causada por antigas lembranças, se bem administrada, transforma-se em prazer...
Adorei sua visita, como sempre!
Mil beijos

Luis Filipe Gomes disse...

"...perguntem aos poetas!"
os poetas sabem antes do tempo de se saber e antes do tempo dos outros saberem. Porque "... ser poeta é ser mais alto...".
A cerração ou nevoeiro tem muito que ver com o 10 de Junho português. Neste Dia de Camões, de Portugal, e das Comunidades Portuguesas relembramos a morte física do ser humano Luiz Vaz no ano de 1580, mas comemoramos a sua perenidade como Poeta. Nesse ano de 1580, D. Sebastião que desaparecera a 4 de Agosto de 1478 na batalha de Alcácer-Quibir (Ksar-El-Kebir)no Norte de Marrocos não apareceu. Dizia-se que viria num dia de nevoeiro, de cerração,mas não apareceu. Portugal é constrangido durante sessenta anos na União Ibérica. Se foi aceitável que durante esses 60 anos até 1640 muitos esperassem o retorno de D. Sebastião, isso tornou-se irreal no tempo posterior. Nascia assim o Sebastianismo esse mito Messiânico que espera que algum D. Sebastião redentor venha para tomar nas suas mãos o destino que adiamos tomar nas nossas: Agarrar na Vassoura trabalhar até que o cansaço e a obra feita nos permita saborear um chá de canela e ver sem pessimismo ou derrotismo como a vida é bela.
Fico grato pelo poema que nos dedicáste, a mim, a Portugal, à melancolia portuguesa sabendo ou não que o fazias. Fico grato pelo poema que também dedicáste a Camões, porque os poemas Grandes como tu fazes são sempre dedicatória aos Poetas Grandes da nossa língua.

tonholiveira disse...



Tomarei um vinho,
pra aquecer este frio
ou chimarrão!

Gostei do desenho na vidraça!

Beij♥ ← nele!

Wilson Torres Nanini disse...

Zélia, apesar ( e há muitos apesares!) - a vida é bela, não me canso de pensar, dizer e sentir. Há coisas puras, como seu poema com um quê de adolescimento imperecível. Muito bonito.

É uma experiência revigorante me deparar com sua poesia.

Forte abraço!

Ester disse...

Ah.. os chás de canelas, chás de salvação, aquecem nossos corações,
lindo, como sempre, Zélia!

Bjs!

Lunna Guedes disse...

E eu aqui do outro lado da janela exibindo sorrisos e uma calma pouco comum a mim. Estou com Pessoa na pessoa de Álvaro e a escuridão lá fora não me deixa ver nada, mas eu sei de tantas coisas que lá estão. Sim, eu decorei a paisagem e mesmo de olhos fechados, consigo ver a jabuticabeira e seus frutos em formação. Não teve florada esse ano, mas tem a lembrança dela. rs
Adorei, se bem que eu nem precisava dizer isso, mas é bom dizer. Bacio en tuo cuore e grazie.

Zélia Guardiano disse...

Amigo Luis
Confesso que cheguei às lágrimas, lendo o teu comentário. Texto belíssimo e, além disso, didático ao extremo. Fiquei maravilhada com a história que envolve o dez de junho português, que eu conhecia, sim, mas sem os detalhes que me passaste.
Quando falas de minha poesia em geral, fico deveras emocionada, pois não tenho pretensão maior com ela, que não seja derramar no papel, depois no teclado, os meus sentimentos, as minhas viagens espirituais, as minhas frustrações... E os meus sonhos, pois, apesar dos meus 65 anos, eu ainda os tenho...
No caso dos versos de hoje, fui certamente levada pela intuição e muito me alegra o fato de ter ter conseguido alegrar-te.
Tenha certeza, meu grande amigo, de que me fizeste muito feliz!
Para ti, um grande abraço, todo permeado de gratidão!

Zélia Guardiano disse...

Tonho
Uma vidraça embaçada é suporte para "arte" que envolva toda e qualquer lembrança...rs...
Quanto ao vinho, estou com você: só não fiz uso dele porque precisava de rima para ela e para janela...rs...
Grande abraço!

Zélia Guardiano disse...

Wilson, meu querido
Ando numa fase leve, leve...
Já passei por períodos de escritos mais filosóficos, mais pesados, permeados de reflexões mais profundas. Mas, neste momento, venho me valendo de temas muito juvenis...
Como sou muito volúvel, não sei até quando será esta a minha preferência.
Bem, isso não importa: vamos escrevendo...
Muito grata, amigo, pela visita!
Grande abraço!!!

Zélia Guardiano disse...

Ester querida
Acrescento um ítem que também aquece: sua visita! Melhor que qualquer chá quente...
Sua presença é muito importante aqui!
Grande abraço!

Zélia Guardiano disse...

Lunna, Lunna...
Quando você vem, meu coração se abre!
Presença querida...
E ainda me deixa, como brinde, um texto tão lindo, onde adivinha as jabuticabinhas nos galhos da árvore...
Obrigada, amiga!

Sidney Andrade disse...

Obrigado pela visita ao meu blog!
O seu tbm é muito interessante, e tbm muito movimentado, hein. Parabéns...
Volto.
Abraço.

Zélia Guardiano disse...

Obrigada, Sidney!
Fiquei muito feliz com sua visita!
Volte mesmo...
Abraço

IVANCEZAR disse...

Ah , Zélia , voce nem imagina o frio que está aqui no meu sul ...
Esta semana viajei e não conseguia ver mais do que cinquenta metros , porque a névoa era impressionante ...
Belíssimo post !
Bjs

Celso Ramos disse...

Olá Zélia!!!!

Venho te agradecer pela visita em meu blog!!
Que maravilha de poesia...musical toda vida, parabéns pela sensibilidade!!! Também voltarei

Jorge Pimenta disse...

acho especialmente belo o modo como consegues tornar os momentos de cinzentismo na vida verdadeiras lanternas para a superação e a redenção. que chova... que esteja frio... que os corações estejam trespassados... que a vassoura não voe... que... que... que... a resposta a todas estas lamúrias está na capacidade infinita de amar, desde logo a vida e, amando a vida, amando também os outros e a nós mesmos.
belíssimo, amiga zélia! como sempre!
um beijo enorme!

Zélia Guardiano disse...

Imagino sim, meu querido, porque aqui, que é aqui, estamos todos virando pinguins... Af!!!
Que bom que você gostou do post! Fico feliz!
Beijo

Zélia Guardiano disse...

Que bom que você veio, Celso!
Fiquei feliz!
Volte mesmo...
Abraço

Zélia Guardiano disse...

Jorge, querido
Os poemas já não são meus: são dos amigos como você! Que bom quando consigo agradá-los! Os versos constituem o único presente que posso oferecer a pessoas tão queridas. Você, com sua sensibilidade, sabe muito bem disso. Não é verdade o que digo?
Meu amigo, que mundo formidável é este, virtual, que descobrimos... Penso que conseguimos criar uma família.
Obrigada, pela amizade e pelo carinho!
Um enorme beijo para você também...

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

surpresinha pra vc no Sem catraca

;)


beijo
G

Guilherme Navarro disse...

Me lembrou uma valsa. Uma valsa em meio ao frio.

Zélia Guardiano disse...

Oh, Guilherme, querido
Que linda comparação!
Você veio para me alegrar.
Muito obrigada!
Volte sempre...
Grande abraço

Primeira Pessoa disse...

belas imagens... belo poema... sim, zélia, como dizemos lá nos cafundós das geraes...
"a vida é bela... nóis é que fod'ela"...rs

e num é?

beijão,
r.

Zélia Guardiano disse...

É, Roberto!
Sem dúvida!
O povo lá dos cafundós das geraes está certo. Certíssimo!
Mas lhe digo, meu querido: não é sempre que estou assim, zenzinha, não... Sou volúvel!...rs...
Beijão

Wania disse...

Zélia

A vida é bela para quem tem olhos que veem além das vidraças! Tuas palavras perfumam como a canela e aquecem como bom chá em dia frio!

Linda poesia!

Bj grande

Zélia Guardiano disse...

Geraldo querido
Fui ao Sem Catraca e voltei encantada!
Não há palavra que traduza o que sinto...
Então, valho-me da velha forma desgastada: Obrigada,amigo! Muito obrigada!

Zélia Guardiano disse...

Wania
Sua visita é uma pelerine em dia frio: pelerine de macia lã...
Obrigada, querida!

Beijo !

Francisco de Sousa Vieira Filho disse...

E bela seja sempre, Zélia... vendo, por vezes, o abismo que há entre as perspectivas masculinas e femininas no mundo [e de mundo também], lembro sempre um trecho de um dos livros do Paulo Coelho... se não me engano era, "Na Margem do Rio Piedra, Sentei e Chorei"... ali ele dizia que, enquanto os homens primitivos saíam pra caçar, as mulheres ficavam nas cavernas, agriculturavam, cuidavam dos animais e das crianças, e se aninhavam no seio das cavernas, no seio da mãe-terra, com quem aprenderam seus ciclos... talvez aí se explique o abismo que há e que, por vez ou outra, percebo... abismo que queria transpor, porque é tanta a beleza que vejo na outra margem que desejo beber, não dela, mas do todo... ;)

Zélia Guardiano disse...

Francisco!
Você me alegra de todas as maneiras: com a visita, com essa sensibilidade tão explícita, com esse comentário lindo!
Obrigada, meu amigo!
Vem sempre, que você é muito importante aqui...
Abraço :))

Raquel de Carvalho disse...

Olá, Zélia!!!
Obrigada pelo carinho lá no blog, fiquei muito contente!!!!!
Gostei mais ainda por que me deu a oportunidade de conhecer o seu, que por sinal eu adorei!!!

Beijos com carinho

Raquel de Carvalho disse...

A propósito... vc deve ser muito querida.
(Falos isso pelas lindas palavras dedicadas a ti no blog do querido Gê!)

Será sempre bem-vinda lá no meu blog!

Cris de Souza disse...

Fazes do simples, o belo... com louvor !

Zélia Guardiano disse...

Oh, Raquel...
Você é um encanto!
Obrigada pela visita e pelas doces palavras...
Na verdade penso que acabamos formando uma família virtual e isto é maravilhoso.
O Geraldo, realmente, é como um filho... Adoro ele!!!
E estarei sempre no seu blog, Raquel.
Volte sempre, querida!
Beijos com carinho

Zélia Guardiano disse...

Cris, minha querida
Fico felicíssima com a nota tão boa que me dás. Como criança que traz para casa um boletim com ótimos conceitos...
Você é bondosa demais!
Grande beijo!

Mírian Mondon disse...

Zélia querida,
Estava pensando nesse poema leve e sereno como uma manha fria, ele representa bem sua arte, que aquece, ilumina como uma boa taça de chá de canela ou como um véu que se descortina.,,

beijos e obrigada pelas palavras estimulantes lá no Café!

Pâmela Grassi disse...

Zélia,

encontrei-me neste teu poema,

em Caxias do Sul, meio às folhas secas de plântanos e a grama congelada, as manhãs despertam com névoas e muito frio!

Um beijo

Petro disse...

Zélia, a vida é realmente bela... o teu poema revela isso certeiramente...
Amei esta parte "Tiritando/
Busco/A vassoura".. vi uma bruxa linda tiritando por aí.
Menina, tu não sabe o que aconteceu com o Memoires... vem cá ver!

Xero

Mariazita disse...

Querida Zélia
Com votos de bom domingo venho convidá-la a visitar o meu blog A CASA DA MARIQUINHAS , onde hoje apresento a última parte de SENTIDO INVERSO.
Te aguardo, hein ? :)))
Beijinhos

Zélia Guardiano disse...

Mirian
Como são doces as suas palavras! Muito, muito mais que um chá de canela e maçã... E como são reconfortantes: aquecem o espírito!
Obrigada, minha querida amiga!
Beijos

Zélia Guardiano disse...

Petro querido
Fui correndo ao "Memoires..." e deixei comentário.
Grata pela visita e pelo comentário,amigo!
Vem sempre...
Grande abraço!

Zélia Guardiano disse...

Oi, Mariazita!
Grata pelo convite! Vou já pra lá...
Tenha, você também , um ótimo domingo!
Beijos

Zélia Guardiano disse...

Oh, Pâmela querida
Imagino o que tens passado, se nós, aqui, corremos sério risco de virar pinguins...
O que nos aquece é o calor humano dos amigos como você...
Muito grata, querida!
Beijos