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quinta-feira, 8 de julho de 2010

Pesadelo


Abro
[Par em par]
As janelas
Voltadas
Para o meu
Interior

Debruço-me
Numa delas
[Ai
Horror]:
Nenhuma
Flor

Terreno
Crestado
Ressequido
Com
Enorme
Fenda
Através
Da qual
[Aqui
Ali]
Insurge
Um cacto
De minguada
Carne
De farto
Espinho
[Adivinho
O suplício
Que oferece
Ao tacto
E
Incontinenti
Vem-me
À mente
A imagem
De
Uma coroa]

O céu
É mar
De chumbo:
Pesada
Nuvem
Negra
Vaga
À-toa
Companhia
Ideal
Para
Agourenta
Harpia
Que
Voa
Voa
E
Cansada
Pousa no
Esqueleto
Aflito
De uma
Sequóia
[Último
Resquício
De extinta
Flora]
De cujos
Braços
Pendem
Teias
Pegajosas


Sim
[Ao longe]
Largo
E
Caudaloso
Rio
[Galera
Em ruína
Singra]
Mas
Fustiga-me
A verdade
Dura:
O seu leito
Sangra

Bem-te-vi
Bem-te-vi
Bem-te-vi

Ufa!
Ainda bem

[Agora
Quero
Satsanga]

46 comentários:

Tania regina Contreiras disse...

Zélia, querida, fantástica a sua habilidade descritiva, uma quase-pintura. Engenho, inventividade, nossa!...tenho aprendido um tanto de coisas lendo você, que com o tempo vou expressando. "Pesadelo" é uma tela arrebatadora.
Beijos,
Tânia

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Quando das nossas fendas não ressurge sequer flor, alcançando-nos o pesadelo, acordar é um martírio.

Intenso poema, vc sabe o que diz, e sabe bem como fazê-lo de forma que nos capta, Zélia.

Beijos.

Ribeiro Pedreira disse...

dia pesado qual chumbo no dorso, mas há a bonança depois da tempestade.

Cida disse...

E ainda bem que tudo não passou de um pesadelo, não é, querida amiga?...:)

Lindo como sempre! (E é por isso que sou sua fã)

E que por agora seu céu esteja muito azul, e que haja luz em seu coração.

Beijo grande

Cid@

IVANCEZAR disse...

Um belo panaroma poético, de quem se dispõe a abrir as janelas , e cantar o mundo vivo lá de fora. Haverá sempre um ícone clamando pelo verso. Belo post !

silvia zappia disse...

cuando abrimos
las ventanas
de nuestro interior...
pueden volar
monstruos
o
mariposas


mil besos*

Anônimo disse...

Lindo...
como você...
faz das palavras
soltas
em linhas
frases
que
conversam...

"...Quem nos deu asas para andar de rastos?
Quem nos deu olhos para ver os astros
Sem nos dar braços para os alcançar?!..."
Lindo né...é Florbela Espanca...
Que flutua no meu blog...
E espera por você...
Beijos...
Leca...

Anônimo disse...

Pra quem não viveu do pesadelo a agonia,
Se encanta com a beleza da poesia...
Minha linda...
Hoje andei por aqui colhendo algumas lindas palavras, que aqui é só o que tem, para levar feito um buque lá pro blog branco...
Beijos.

Anônimo disse...

Ah!!!!!!!!!!!!!!!!
Eu tb quero!
Bjs.

Em@ disse...

parabéns pelo poema intenso e aparentemente simples.

desculpe a minha ignorância, mas o que é "Satsanga"? Poderia ir procurar , mas estou sem tempo:S e é termo que desconheço.
beijo

Nadine Granad disse...

Zélia:
Ah, lágrimas no olhos... estou em meu próprio pesadelo!...
É tão mais gostoso ler com a alma leve!... Mas densa, assim-assim digo: que belo e que bem-te-vi bendito!!!


Beijos =) Abraços não cabem mais... versos íntimos ;)

dade amorim disse...

Um poema perfeito, que diz o que se propõe a dizer da melhor maneira e ainda por cima nos envolve por completo.

beijo beijo

Beatriz Cunha disse...

Zélia, a sua visita ao meu blog é sempre muito apreciada e por sua vez espicaça a curiosidade para visitar o seu... Como sempre é um prazer o seu blog cheio de poesia e imagens fortes. Obrigada

Rodrigo Braga disse...

Apesar das imagens descritas nesse belo poema, posso dizer que o mais difícil sempre é ter coragem de abrir as tais janelas voltadas para nosso interior.

Lindo!

Pâmela Grassi disse...

Zélia,

tuas palavras são melodias para os olhos e ouvidos, soam canções. quando se permite abrir as janelas da vida, tantas flores surgem e tanta fenda ressurge. trazendo para cá a memória musical, deixo este refrão do Caê

Deixa o mar ferver
Deixa o sol despencar
Deixa o coração bater se despedaçar
Chora depois mais agora deixa sangrar
Deixa o carnaval passar


Um grande beijo,

Vitor Chuva disse...

Olá Zélia!

Felizmente que foi só e apenas isso - um pesadelo: Também não poderia ter sido outra coisa...
Lindamente escrito; profundo e levezinho ao mesmo tempo.

Abraço amigo.
vitor

Jorge Pimenta disse...

zélia, querida amiga, abrir as janelas, de par em par, para o interior é um acto contra-natura, porque estas fazem o seu movimento para o exterior. nesse sentido, é um acto volitivo e intencional, o que sugere que, quando perpetrado, haja uma motivação forte para o fazermos. no meu caso, apenas o medo do que lá se venha a encontrar, numa denúncia reclamada pela inabilidade de saber tocar o exterior - o espaço para o qual abrimos espontaneamente as janelas e projectamos o olhar.
inevitáveis os pesadelos, portanto. ainda assim, estou seguro de que só passando por um exercício de auto-regulação emocional seremos capazes de vencer os fantasmas nocturnos e devolver as flores à charneca interior.
tocaste-me especialmente com este texto, querida amiga!
um beijo!

By Me disse...

ADMIRO IMENSO ESSA CAPACIDADE NATA DE NUMA PALAVRA TER TUDO DENTRO DELA...O SIGNIFICANTE E O SIGNIFICADO...A TU ESCRITA REMETE-ME PARA ÁGUA A DESCER APRESSADA OS DEGRAUS DE UMA CASCATA...NÃO ERA PARA RIMAR MAS RIMOU...

QUANDO NOS DEBRUÇAMOS PARA O INTERIOR ...É COMPLICADO, HÁ QUE ARRANJAR CORAGEM PARA OLHAR O JARDIM E NÃO ENCONTRAR UMA FLOR QUE SEJA...E QUE FAZER SE O TERRENO É INFÉRTIL?
E O CÉU ESTÁ PESADO E ESCURO
...A VERDADE ÀS VEZES DÓI MUITO..MAS EIS QUE SURGE UM BEM-TE VI...UM PÁSSARO...SERÁ UM BOM PRESSÁGIO?

ESPERO SINCERAMENTE QUE SIM

BEIJINHOS E BOA NOITE

Anônimo disse...

plasticidade e beleza, a caminho de dizer encantamento.

Unknown disse...

Janela aberta para dentro do si.
Tempo fechado, flores ressequidas, cactos.
Um deserto, onde não se cresce, morre.
Doravante o vento ressurge, espassa as nuvens e abrirá o tempo.
As flores haverão de se abrir, entre espinhos a sorrir, a essência de suas horas, onde o perfume virá de ti.

Zélia, tua profundidade é extrema
entre agitos ou sorrisos.
O mais importantes é desanuviar
a tela que inibe teus olhos, para aplaudir
os encantos...
Acorda. Vai passar. Foi apenas um pesadelo...

Gosto daqui minha amiga,
como gosto de você.

bjs

Livinha

AC disse...

Vim aqui pela primeira vez e... fiquei encantado (com pesadelo e tudo)!
Vou acompanhar com prazer.

Bjs

Úrsula Avner disse...

Oi Zélia, e quem não vive pesadelos como este ? Só quem não reflete sobre si mesmo... Poema intenso, forte, numa temática existencial profunda e bela... Bj,

Úrsula

nydia bonetti disse...

Ah... como a tua poesia me toca, Zélia. Um universo tão próximo do meu. beijo, querida.

MariaIvone disse...

Continuo em estado de encantamento perante sua poesia, nenhum pesadelo me afasta!
Bom fim-de-semana
Bjos

Andrea de Godoy Neto disse...

Zélia, depois de tanto que já te foi dito, vou dizer apenas assim:
Ufa!! que adentrei essa janela e quase me perdi, encantada que estava pelas palavras a me guiar...

lindo, intenso, denso

beijos, querida!

Ivan Bueno disse...

Zélia,
Abrir janelas para o próprio interior exige uma boa dose de coragem para admitir tudo o que alí se pode encontrar: o belo, o feio e todo o degradê que há entre estas extremidades.
Satsanga me parece algo distante enquanto realidade, mas muito próximo enquanto busca universal.
Belo poema.
Beijo grande,

Ivan Bueno
blog: Empirismo Vernacular
www.eng-ivanbueno.blogspot.com

Roberto Costa Carvalho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Roberto Costa Carvalho disse...

Ah, esses barulhentos bem-te-vis!...
Parece até que nos vêem, atentam-nos para o dia, para luz do lado de fora, e levam-nos a reconhecer-nos em busca de nossa própria natureza e do respirar do mundo.

M.C.L.M disse...

"O céu
É mar
De chumbo:"

Essa frase me impactou! assim como teu poema inteiro... profundo!

beijos queridíssima!

poetaeusou . . . disse...

*
Dantescas palavras,
gostei,
,
no meu suplicio
debruço-me,
sobre os espinhos
sem cactos,
água reprimida
nos cardos das dunas,
,
Conchinhas,
,
*

Zélia Guardiano disse...

Obrigada, Tania querida!
Suas palavras são mais do que importantes para mim...
Enorme abraço!

Zélia Guardiano disse...

Obrigada, Larinha!
Você, aqui, é sempre uma alegria imensa!
Beijo

Zélia Guardiano disse...

Isso mesmo, Ribeiro querido!
Depois da tempestade, a bonança... Ainda bem!
Enorme abraço!

Zélia Guardiano disse...

Cida querida
Grata pela visita, pelo comentário e pelos votos...
Beijo, amiga, carregado de gratidão

Zélia Guardiano disse...

Ivancezar amigo
É preciso abrir as janelas de vez em quando, pelo menos...
Grata pela visita!
Abraço

Zélia Guardiano disse...

Rayuela querida
Nunca se sabe o que pode sair voando por essas janelas... Tens razão!
Mil besos, minha amiga!

Zélia Guardiano disse...

Leca, minha amiga
Que bom que gostaste dos versinhos...
Fico muito feliz!
Beijo, querida!

Zélia Guardiano disse...

Querida Lua Nova
Se levas daqui um buquê como dizes, também deixas lindas flores...
Muito grata, amiga!
Beijo

Zélia Guardiano disse...

Obrigada, Fátima querida!
Mil vezes obrigada!
Beijo, amiga!

Zélia Guardiano disse...

Querida Nadine
Muito grata por todos esse carinho que me trazes...
Grande abraço, minha querida!
E beijo...

Zélia Guardiano disse...

Dade, querida!
Muito lhe agradeço pelas suas palavras , que têm pra mim um enorme peso...
Beijo, amiga

Zélia Guardiano disse...

Beatriz
Sou muito feliz quando visito teu blog, tanto quanto o sou quando vens aqui...
Acho maravilhosa essa troca!
Grata!
Enorme abraço

Zélia Guardiano disse...

Rodrigo, meu querido
Realmente não é fácil abrir as tais janelas, mas faz-se mister...
Grata, amigo, pela visita!
Grande abraço

Gerana Damulakis disse...

Estou ficando cada vez mais sua fã. Um poema, uma pintura!

Diana L. Ramos disse...

Nossa! Que intensidade de sentimentos...forte.Poético.
Parabéns zélia.Lindo