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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Rol das coisas antigas


Quisera
Sentir-me
Incluída
No Kojiki:
Rol das coisas
Antigas

Ser personagem
De conto
Xintoísta

Ou
O Pardal
Reconhecido...
O Santo
Da Província
De Shinano...

De um lado
Ser a tradição
O mito
A lenda
Do outro
Explicitação
Da poesia

Mas não...

Via de regra
Sou cotidiano
E
Vez em quando
[Digamos:
A cada ano
Bissexto]
Um fato
Mais ou menos
Relevante
[Com ênfase
Especial
Para menos]

Na composição
Do meu
Espírito
Não se
Adicionou
[Eu acredito]
Mais que
Um
Miligrama
De
Entendimento
Metafísico

Sou chão raso
Terra batida
Embora
Consiga
Reconhecer
Uma tragédia
E a
Inexorabilidade
Do destino

Adivinho
O gosto
Amargo
Do remorso
Que
[Certamente]
Sentirei
Um dia
[Hoje
Ainda
Não
Consigo]

Atino
Com a
Evanescência
Da vida:
Cada novo
Dia
É dia
Subtraído

Pasmo
Ante o impacto
Daquilo
Que não
Compreendo

Vislumbro
O sofrimento
Como sendo
Fragmento
Extraído
De um
Enredo
Outrora
Escrito
Numa folha
Qualquer
De papiro

E
Espero
O advento
De um tempo
Isento
Do tom
Jocoso
Satírico
Com que
Tem
Me tratado
A existência

Se ele
Não chegar...
Paciência

30 comentários:

Michele Pupo disse...

Maravilhoso e profundo, como tudo o que escreve Zélia!

Anônimo disse...

O tempo insiste em passar avisando que estamos parados, que falta transformação... Às vezes parece que as coisas só nos esperam para acontecer; outras, vão embora sem se despedir de nós, sem remorso.
Só um devaneio meu, Zélia...

Seu poema é belíssimo, profundo, muito mais do que posso expressar; mas sinto, e como!

Beijos.

Marcantonio disse...

Quanta coisa há nesse poema! Uma sutil ironia sobre a escala graduada com que se mede os supostos teores de concretude da vida. Entre a metafísica e a realidade física a nossa humana consistência. E que início bonito!

Abraço, Zélia

Anônimo disse...

Ah minha querida,
quanta beleza e sabedoria nas suas palavras!
Bjs.

silvia zappia disse...

que no tenés miligramos de entendimiento metafísico? no lo creo, sino no escribirías esta belleza!

namastê*

ana p disse...

Lindos...poema e filha
Beijo

Ribeiro Pedreira disse...

há metafísica num tempo que se espera e realidade no que já foi.

AC disse...

Palavras que transparecem lucidez (já viu muito, acredito...) num olhar sereno sobre a vida.

Bjs

Unknown disse...

Zélia minha querida, é lá no roll das coisas antigas que estão contido as tuas sabedorias, as riquezas de tuas conquistas, os teus sabores do dia-a-dia.
Não lamente, não se exclua, sois deveras importante desde a noite até o clarão do dia.
Culpas nunca carregue, nada acontece sem que tenha sido permitido pelo nosso pai de amor.
Adoro você!

É na fotografia que não se revela
que está contida magias e encantos
que se mostram apenas nos sentidos...

Tem um selinho pra você em meu
recanto.
Obrigado pela sua presença amiga...

Bjs

Livinha

MariaIvone disse...

Suas palavras fluem com uma leveza que nos faz crer que dançam. Será?
Ainda que o o seja continuam firmes em intencionalidade, plenas de conteúdo.
Beijos Zélia, sua filhota é linda

Helô G.K. disse...

Primeiro, agradecimento aos seus queridos e fiéis amigos pelos elogios. Meu MUITO OBRIGADA!!! Mãe: CLICHÊ?? Pode ser, mas não me canso de dizer o quanto a admiro e me encanto com seus poemas!!! Faz tempinho que não passo por aqui, e quando cheguei me deparei com esse canto tão colorido, alegre e cativante!!! Muitas palavras lindas!!! Fico boba de tanta emoção!!! Lembra quando a senhora vinha ler para mim seus versos e eu dizia: ¨Mãe, deixa que eu mesma quero ler, na minha mão!¨... Agora estou podendo fazer isso, tantas e tantas vezes...Estou amando cada leitura e releitura de tudo!!!! Te amoooooooo!!! Beijos recheados de amor, gratidão e admiração!!!

Francisco de Sousa Vieira Filho disse...

Há de chegar, certo há de vir, aquele instante, lampejo-de-luz-do-despertar que explica e faz dar sentido a tudo - e se prova disso à conta-gotas, vez ou outra [o que se quer com água farta], num dia qualquer, numa tarde tediosa de quarta-feira sem trabalho, enfim, quando menos esperamos... ;)

Gaby Lirie disse...

Uma obra de arte sua poesia!


Grande Beijo!

Cida disse...

Corro o risco de ser repetitiva, mas tenho que dizer: - Belo poema, e bela filha!!!

Entre tantas pérolas, pincei essa, pois foi talvez, a que mais me tocou: - "Atino com a evanescência da vida: Cada novo dia é dia subtraído..."

E me vou com ela, tratar da minha vida!...:)

Beijo grande

Cid@

dade amorim disse...

Dedo na ferida que dói mais, esse poema.

Beijos, Zélia.

Regina Rozenbaum disse...

Zélia, amada!
Vejo que aqui nesse seu cantinho só poetas há! Não sou poetisa e das palavras, sou aprendiz de aprendiz...mas, com minha alma percebo que não sou única no "rol das coisas antigas". Lindeza de filha... benção DIVINA!
OBRIAGADA por suas visitas e "solidariedade" rsrs (sabe a que me refiro: ado, ado, estamos então no mesmo quadrado).
Beijuuss n.c.

www.toforatodentro.blogspot.com

Paulo Jorge Dumaresq disse...

Zélia, a vida, na minha concepção, é feita de pequenos dias e cotidianos.
Para mim, o milagre dela (vida) é nascer e morrer todos os dias, construindo tijolo a tijolo nossa história pessoal e intransferível.
Poema para lá de profundo e merecedor de um ensaio.
Adorei.
Ótimos dias, querida amiga.

líria porto disse...

pois saibas - és muito mais conteúdo do que pensas - ou não serias capaz de escrever assim, com esse jeito que é só teu.
besos

mdsol disse...

Mais uma vez um prazer ...

Beijinho

:)))


[Ora minha querida: só escreve "muito" quem não é capaz de escrever "pouco"]

Batom e poesias disse...

Isso é lindo! Lindo!!!!
Adorei esse trecho:

"Na composição do meu espírito
Não se adicionou [Eu acredito]
Mais que um miligrama
de entendimento
metafísico"

Zélia, estou encantada!
bjs
Rossana

Renata de Aragão Lopes disse...

"Atino
"Com a
"Evanescência
Da vida:
Cada novo
Dia
É dia
Subtraído"

Linda maneira de dizer
que o amanhã será
tempo perdido...

Um beijo, querida!
Doce de Lira

Rodrigo Braga disse...

Olha, certa vez conversando com um amigo falamos sobre como muitas vezes é cansativa a vida quando ela pouco nos surpreende. Existem publicações, revistas, músicas ou blogs que entramos e já sabemos o que estará lá antes mesmo de ler ou sentir. Você consegue me surpreender sempre com poemas de beleza ímpar. As palavras escolhidas cheias de referências casando com uma métrica de pulsação cadenciada faz a gente sentir toda a beleza desse poema.

Lindo

Tania regina Contreiras disse...

Maravilhosa sempre, Zélia! Queria eu poder verticalizar em delírios meus versos. Daqui,gosto porque gosto: e ponto! rs
Beijos

Jorge Pimenta disse...

zélia, querida amiga, tens noção de que acabas de redigir a cartilha dos dias pela qual a generalidade das pessoas aprendeu? apenas com uma ressalva: tu continuas a acreditar que o não-sei-quê há-de chegar(mesmo que resignada à eventualidade da sua não chegada); a maioria desistiu, já. lamentavelmente...
belíssimo!
um beijinho, amiga!

Nadine Granad disse...

Zélia:
Encanto, sabedoria, história em poesia!...
Lindo!
Antiguidades tão vivas!!!!

Beijos =)

Adriana Riess Karnal disse...

O tempo um dia chega...cronos não dátregua...que seja por uma boa razão, sua filha volta do Japão...a minha voltou da áustria semana passada, depois de um ano fora...Graças!

Luna disse...

A vida é feita de mutações, por vezes não as acompanhamos ou entendemos, mas vivemos como sabemos esse é o caminho perfeito no nosso entendimento

A tua filhota é linda, parabéns pela tua princesa
Bj

Gerana Damulakis disse...

A poesia com seu estilo: encantando, sempre.

Fred Caju disse...

Senti como se estivesse em casa lendo o seu blog. Vou transformar esse espaço em parada obrigatória para mim. Parabéns!

Primeira Pessoa disse...

na real?
matei. matei 3.
estilingue e pelota de argila.
de menino.
até hoje acho que vou pro inferno.
ardem-me os pés. já caíram-me as asas.

bem feito, né?