Este é o espaço onde pretendo registrar meus contos, minhas crônicas e meus versos. Relutei muito antes de criar coragem. Pensava:"Tudo já foi escrito.Tudo já foi publicado."
Acontece, porém, que os pensamentos, os versos, as frases, as palavras , por modestos , por desimportantes que sejam, acabam constituindo um fardo muito pesado. Carreguei o meu até não poder mais. Exausta busquei um lugar onde deitá-lo. Encontrei aqui o sítio ideal.
O clarão Crepuscular Obriga-me A colocar Uma das mãos Em concha Sobre os olhos Ávidos Por enxergar A linha Do horizonte Onde Lentamente [ Já ] Se esconde O último Dia Do primeiro Mês Do novo Ano
Sem óculos Olho para O alto E vejo A orgia De brilhos: Bacanal De Ursas Cães Hércules Marias
Cisne [ Obvio Asterismo Do verão ] Dragão [ Olhos de gato Alma chinesa ] Perseu [ Enxame de Desvairados Meteoros ] Centauro [ Trespassado Pela flecha: De cupido? ] Serpente [ Orion Pisando-lhe A cabeça ] Baleia [ Despindo Armadura De Prata ] Peixe [ Armadura De ouro ] Touro [ Cortejo Promíscuo De estrelas ( Símbolo Do karma Do darma Dao verbo Da palavra? )]
Sagitário [ Objetos ( Livres ) De um céu Profundo ]
Virgem [ Mãe Aflita Atenta De todas As lendas De todas As aflições Do mundo : Parem já Com isto! ]
O tempo Não aguenta Mais: Está exausto [Confidenciou-me] De tantos Séculos Milênios Eras
Deveras Cansado De ver Túnicas Manchadas De sangue
De ouvir Palavras Vãs Vazias
De falar [Inutilmente] Ao vento
De esperar Por momento Em que se Cumpram Profecias
Em que se abra A porta [Que ninguém Poderá Jamais Fechar] E apareça Aquele Que tem O peito Cingido Por cinto De ouro Os olhos De fogo E Empunha Afiada Espada De Dois Gumes [Instrumental De Estigma]
Aquele Cuja mão Segura Sete Estrelas E As chaves Da morte [Magno Enigma]
Que traz O livro Escrito Por dentro E Por fora Lacrado Com sete Selos [Uma vez Rompidos Revelarão Destinos]
E Um Anjo [Arco-íris Em torno Da cabeça] Com sua Trombeta De Anúncio: A salvação O poder A realeza Do Bem
O tempo [Realmente] Carece De Descanso E Sua Confidente Também...
[Caminho Pelo pátio Empurrando O carrinho Do Supermercado]
Olho longe: A vista É panorâmica
Encanta-me O verde [Agora Quase vessie] Do horizonte [Beleza Paradoxal: Afinal É o canavial Que faz As vezes De tapete Sobre o qual Pisa macio O meu Pensamento
Esqueço A usina Que (Sentindo-se Culpada) Se asila Por detrás Do Horto Florestal]
Faço de conta [Ávida Que sou Por poesia] Que admiro Um jardim: Avenca Samambaia Alfazema
[Procuro Aplacar A consciência: Num antigo Passe De magia "Meio que" Transmuto Cortina De fumaça Em véu De fantasia (Dúbia Tentativa De isolar Da memória A queimada A fuligem O bóia-fria)]
E Imagino-me Na Provence [Não obstante O misto De Contemplação E Agonia : Fazer o quê?]